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28 de novembro de 2011

No Advento da Vida

Na Liturgia da Igreja Católica encerramos o Tempo Comum de 34 semanas e entramos noutro conhecido como ADVENTO, ou seja, a chegada, aparecimento do Emanuel(Deus conosco).
Gostaria porém de falar do ADVENTO DA VIDA. Vida e Advento. VIDA; mistério pleno pouco conhecido, mas muito cobiçado. Vida longa, vida curta, vida gratuita, vida cobrada, movimento intrínseco que só o mistério conhece, aliás, partida e chegada que não pertencem à esfera do humano, mas do divino. Mas é entregue ao humano a possibilidade do ADVENTO, ou seja, da espera. Esperamos mesmo sem que saibamos o dia, à hora. Esperamos mesmo em algumas vezes sem saber por que, pra que, o que. E por que esperamos? Porque o esperar vem de esperança. E a esperança é senão o dado motivador e misterioso da vida. Imaginemos como seria a VIDA sem que tivéssemos motivos e razões para esperar? A Espera é um pedaço da nossa transcendência. A Espera é um gole do ainda não. A espera é horizonte avistado ao longe. A espera é tempo de recomeço. A espera está grávida do advento.
O tempo de espera na vida, chegada, de aparecimento. Não deve ser um tempo de sofrimento, de martírio, mais sim um tempo de rever, de crescer, de olhar no espelho e conseguir enxergar a esperança que está sendo gestada. A pressa nos faz insensíveis às coisas mais importantes que temos na vida. Ter pressa pode nos transportar ao futuro sem que vivamos o presente, este que é gestação do futuro. Por isso a pressa aborta muitos sonhos, objetivos e muitas vidas. A espera minha gente é pedagoga que nos faz compreender através de nós mesmos.
Se ainda hoje muitas coisas não aconteceram na sua vida, não desanime. Não aborte pela pressa, mas confie no avento da vida nova que está sendo gestada.
Espere pelas coisas e insista nas pessoas, geste-as dentro de você, só assim estaremos transformando possibilidade em realidade, presente em futuro, pressa em espera, descrença em esperança. Não esqueça que existe sempre alguém muito perto esperando por você.

18 de novembro de 2011

Um novo dia

Já era manha quando o celular anunciava dia novo. Os raios do novo dia invadiam as frestas da janela ainda tímidas é verdade, mas já revelavam que estavam ali. Ainda querendo um último despreguiço rolar de um lado para outro. Como é engraçado quando acordamos a primeira coisa que pensamos  se tivesse oportunidade de dormir um pouco mais. A noite já passou o descanso muitas vezes não foi suficiente, mas é hora de recomeçar. Esquecer dos sonhos, dos pesadelos, do dia passado e mergulhar num dia novo. Sentado na cabeceira por alguns minutos fazendo as primeiras orações do dia. Ali alguém agradecendo pela noite, pelo descanso e principalmente pela oportunidade de vida. É maravilhoso viver, passar pelos outros com nossa vida, deixar um pouco dela. Sem sacrifícios e mesquinhez levar um pouco da vida do outro. Não sei exatamente como me sinto, mas me senti hoje tão pequeno, tão fraco, tão mesquinho, tão incapaz. Não sei se foi pelo motivo de olhar para mim mesmo e perceber como Deus me fez perfeito fisicamente. Abrir os olhos e enxergar as maravilhas de sua criação, ouvir os barulhos mais diversos, sentir o aroma e sabor das coisas, poder me locomover sozinho, olhar meus braços, minhas mãos, minhas pernas, meus pés e pensar que estou fazendo muito pouco por mim mesmo, pelo outro. Mas como é ruim me lembrar dos que não enxergam, dos que não sentem, dos não que ouvem, dos que não andam, dos que não pegam com as mãos, dos que ao menos conseguem se levantar de sua cama, mas que faz muito mais do que eu. Eu aqui agradecendo por mim, mas já se esquecendo da solidariedade com os que não são parecidos comigo. Como não damos valor ao que somos, ao que temos, parecemos muitas vezes eternamente insatisfeitos com o que somos, querendo sempre ser mais. Achando imperfeições onde há perfeição. Ao passo que estes desfigurados de nascença ou pela vida levam seu dia no sacrifício, na descriminação, no não. São felizes e satisfeitos com a vida. Engraçado como os valores são invertidos os que deveriam murmurar riem os que devem rir murmuram.
É ruim saber que muitas vezes passamos por pessoas assim e sentimos apenas dó. Não temos a coragem ao menos de ajudar, de tocar, de sentir, de ser, de conversar.
Aqui cabisbaixo cheio de lágrimas senti necessidade de me esforçar mais, de perder menos tempo, de ser alguém para alguém, de valorizar as pessoas e a mim também. Não sei, mas às vezes nos levantamos de qualquer forma, mais parecemos um animal que irá cumprir racionalmente a risca seu ritual do dia. É necessário parar, sentir, olhar, perceber. Quantas pessoas dariam tudo para ser o que somos quantas pessoas não tiveram oportunidade de recomeçar como eu estou tendo de sentar na cabeceira de minha cama e recomeçar num novo dia, uma nova vida. De olhar para os limites do meu quarto e saber que posso ir adiante, avançar sem limites. Para que o novo dia que começa não seja apenas mais um dia, mas que deste novo dia façamos dias melhores, mais justos, mais humanos.
Daqui de frente ao meu computador, olhando para minha cama sei que daqui a pouco vou deitar. Talvez eu não tenha outra oportunidade de recomeçar amanha, mas também não me importo não me martirizo. Porque já recomecei hoje e este hoje já estará eternizado amanha como um recomeço do ontem sempre na esperança de amanhas melhores.