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5 de março de 2013

Mulheres de ontem e Mulheres de hoje


Em nossa vida existem pessoas que são imprescindíveis. Lembro perfeitamente de pessoas que tanto fizeram por mim na minha infância, de modo especial a mulher Maria Aparecida. Eram tempos diferentes, totalmente distintos de hoje. A precariedade das técnicas, tecnologias. Já a ciência era apenas uma esperança mesmo que distante de nosso mundo rural parecia ser apenas benéfica.
As dificuldades existiam e com elas a ausência de tantas coisas essenciais. Como vocês já sabem, éramos muito pobres. Casa simples, arquitetura antiga, luz de lamparinas. Embora tudo isso fosse motivos para desânimo ou para covardia, nunca foi assim em nossa casa. Minha mãe vinda de uma família de mais 10 irmãos, meu Pai de uma família incomum naquele tempo de apenas mais dois irmãos. Entendo que há mais de 30 anos atrás papai e mamãe tinham motivos bem mais alicerçados e justificados para pensar muitas vezes em gerar vidas. Porém não existia meio termo naquela época – se houvesse eram casos isolados – mesmo com dor, sem condição, sem ciência (medicina) por perto, como nossas mulheres eram corajosas.
O tempo passou. A ciência já não é apenas benéfica como imaginávamos lá no sítio. Pelo contrário é infectada pela ideologia que por sua vez é uma faca de dois gumes. Ela se prostitui pelas conveniências e pelos interesses (sociais, financeiros). Nossas mulheres  superaram parte da submissão ganharam direitos e deveres. Sim. Tudo isso se deveu a luta, briga e reivindicação. Dia 8 de Março, passou a ser o dia dedicado a mulheres. De maneira honrosa e respeitosa. Não há como negar que a distância entre homens e mulheres diminuiu. Mesmo que ainda falte muito por fazer, a busca pela igualdade é válida e reconhecida.
Minha mãe é mulher neste novo mundo de facilidades e possibilidades. As que ela não tinha quando era mulher de outro tempo. Ela não sabe manipular muito bem o mundo virtual e nem é grande devota da nova ciência. Ser mulher do ontem ensinou mamãe e muitas mulheres serem fortes e corajosas no hoje. Diferente das mulheres da “era cientifica”, que não sabem definir a velhice e a estética, o bem e o mal, o medo e a liberdade, o aborto e a vida. Mulheres que são levadas pelo markentig, pela ciência maléfica, pela prorrogação da vida e principalmente pelo desprezo de um embrião. Que comodismo. Como nossas mulheres de outrora tinham respeito pela vida. Como elas não mediam esforços e sacrifícios para nos colocar no mundo. Hoje estamos aqui por elas. O que me entristece é saber que muitas mulheres, filhas das Mães do ontem, que hoje não dão o mínimo de valor pela vida. Que futilidade aparecer na mídia julgando capaz de fazer o que bem se entende com o próprio corpo. Que exaltação do corpo. Que desprezo pela vida.
Tudo bem podem me chamar de sarcástico, masoquista, podem me apresentar inúmeras questões e possibilidades de abordo. Minha resposta é a resposta de minha Mãe, mulher do ontem, mulher do sofrimento, mulher da ciência precária, mulher do sim, mulher da vida. Não medindo esforço para essa vida que hoje vos fala.
Mulheres de Hoje que seguem as mulheres de Ontem e não compactuam com a interrupção da vida. Ainda bem que nos restam, algumas mulher do hoje que nasceram como mulheres do ontem, que são capazes de de significar e amar e não apenas de existir. Obrigado por vocês existirem e não ter colocado inúmeros empecilhos para nos gerar, hoje e sempre o dia será de vocês.