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22 de março de 2011

UM POÇO NO FIM DO DIA


Estes dias relia o texto bíblico em que certa mulher samaritana chegou à beira de um poço e por lá se encontrava Jesus, que descansava das fadigas do dia.
 Era comum pessoas ao fim da tarde irem ao poço para dar água às criações, bem como colher água para levar para sua casa. Um detalhe deste encontro de Jesus com a Samaritana era que Judeus e Samaritanos não se falavam, não se conviviam. A Samaritana procurava água para seu consumo. Jesus lhe ofereceu uma água viva. Jesus conhecia a Samaritana e o poço. A Samaritana conhecia apenas o poço. Ao revelar a Samaritana a conduta da vida dela, Jesus se deixou conhecer. A Samaritana por sua vez professou sua fé, mostrando grande amor e revelou outro lado que talvez o próprio Jesus desconhecesse. Prova disso é quando Jesus afirma que a Samaritana tem grande fé. O poço na vida da Samaritana tinha um significado: no buscar da água levar para o poço todos os seus problemas. Ao conhecer Jesus o poço significou outra coisa, deixou todos os seus problemas lá e ao invés de levar para casa só água levou também salvação.
Entendo que no fim do nosso dia, devemos ter também um poço. Aquele lugar ou aquele momento de refúgio que fazemos só para nós, que mistificamos para reavaliar, refletir sobre nosso dia. É ali muitas vezes que abaixamos nossa cabeça, choramos, sorrimos e entendemos a beleza da vida. O poço na vida da Samaritana servia não só para retirar água, mas olhar a água no balde e enxergar o que só Jesus enxergou. Precisamos na vida aprender a nos enxergar e saber quando é tempo de pedir e de agradecer. Talvez hoje você esteja assim, sentando na beira de um poço, sustentando um casamento, um noivado, um namoro, uma decepção, uma perda familiar, sem a ajuda de ninguém. O poço até sugere fuga, esquecer problemas, usar máscaras.  Faça a mesma experiência da Samaritana, deixe no seu poço todas as dificuldades, problemas, confusões. Almeje pela água da coragem de mudança, da vida.
Enquanto em nosso caminho existirem poços esperando pela nossa vida, será sempre um convite de descanso e de mudança. No poço encontramos amigos e também aqueles que não são tão amigos, mas que com suas palavras certeiras servem de Jesus em nossa vida, como as palavras de Jesus servi na vida da Samaritana.

14 de março de 2011

QUANDO A SOLIDÃO NOS SUFOCA


Talvez um dos grandes males que nosso povo sofre hoje é essa tal de SOLIDÃO.
 Definida por muitos e de várias formas, que na verdade se resume na ausência de alguma coisa ou de algo.
Conheço pessoas que optaram em viver sozinhas, sem ao menos a presença de algo. Alguns pensadores já diziam da SOLIDÃO uns de forma pessimista, outros eram um pouco mais otimistas. Gosto de um que diz:" Homem, ou Mulher é uma ilha ". Bárbaro, profundo, que sabedoria. Esse homem nos faz pensar muito com essa simples e curta frase. Significa que somos pessoas totalmente sociáveis, que de uma forma ou de outra precisamos das pessoas para nos relacionar. É necessário discernir esse termo “PRECISAR”, pois ele pode vir como algo para justificar ato de usar as pessoas, ao passo que ele deve ser usado como precisar no sentido recíproco e gratuito.
Por que as pessoas então se sentem só, ou seja, solitárias. Grande parte das vezes por motivo de fim de namoros, noivados, casamentos, etc. Às vezes por que ela idealiza algo perfeito dentro do mundo que ela idealiza mais que ninguém pode participar, por que não alcançam os graus de perfeição que ela mesma impõe para se relacionar com as pessoas. Pessoas assim se julgam donas de tudo e de todos, acham que podem comprar e vender quando quiserem. Elas vão se alimentando de egoísmo e de humilhar os outros. Porém é preciso um dia algo lhe acontecer para que o mundo ilusório e perfeito que ela criou dentro de si, desabe, entramos aqui um pouco no texto das coisas e pessoas. Aos poucos que as pessoas estão ao seu lado e no seu mundo não por causa dela, mais de suas coisas. Temos sim que ter nosso mundo, mas devemos tê-lo com pés no chão, sonhar sem magoar e construir sem derrubar algo dos outros. Também não podemos fazer do outro nosso único mundo. E nem permitamos que sejamos o mundo de alguém.
Por isso que a solidão acontece na nossa vida, por que vamos nos fechando e pensado que podemos resolver tudo sozinho sem ajuda de alguém, pensamos que as pessoas não devem participar da nossa vida.
Solidão significa no seu interior pessoas que não amam e não se deixam amar. Quanta solidão existe nas famílias, em nossas casas. É verdade, quantas pessoas vivem numa casa, mais elas mesmas se sentem solitárias, não permitem participar da vida um do outro e preencher os vazios que o dia-dia oferece.
Talvez hoje esteja assim, vivendo na mais perfeita fossa, talvez a solidão tenha tomado parte da sua vida que nada dá certo e você pensa que tudo acabou. Pode ser que você tenha depositado tudo o que  possuía  numa pessoa e ela se foi e só lhe deixou a solidão, porque o seu mundo era essa pessoa.
Talvez hoje a solidão seja um vazio tão grande na sua vida que as pessoas que você gostaria que participasse dela não participam. Talvez dentro você exista solidão porque alguém um dia que você não preza tanto lhe ofereceu amizade, mais você rejeitou e agora percebe  o quanto ela faz falta na vida.
Contundo solidão é isso a ausência de algo ou de alguém, que muitas vezes nos rejeitamos. Para sair da solidão é só perceber e recuperar tudo e todos que é bom em nossa vida e nós dispensamos, a começar por aquilo que está mais próximo de nós.
Por isso quando sentimos solidão é a maior prova de que precisamos saudavelmente dos outros, muitas vezes daqueles que a gente tanta deixa só, ou desmerece nos caminhos pela vida.

11 de março de 2011

DAS COLÔNIAS AS RUAS

Esta manhã tive vontade do sítio.
 
 Não que eu seja um eterno saudosista mal resolvido. Mas existem cenas em nossa vida que acontecem hoje que automaticamente nos remetem ao ontem. Pela manha andando pela minha rua deparei com várias pessoas saindo de suas casas. Algumas casas com varandas escondias, escondiam que ali era um lar. Algumas casas ladeadas de cercas elétricas denunciavam em silêncio o medo da violência. Algumas casas monitoradas por câmeras relatavam o controle daqueles que ali passavam. Algumas casas vigiadas por cães raivosos que procuraram alguém para devorar. Mas o que eu tenho haver com tudo isto? Com o medo, a violência, o individualismo? Afinal sãos vizinhos. Talvez porque o caos da violência que vivemos me fez uma suspeita. Hoje o individualismo exagerado nos aprisionou dentro de nossa própria casa. Temos medo do outro, aliás, imaginamos no outro tudo aquilo que temos de medo. O que dizer então dos vizinhos, esses iguais os meus que negam um bom dia, um olhar, um aceno. Negam, negam, aliás, fazem como se não existíssemos. Que saudade me deu daquela colônia como assim era chamada. Sítio Carandá, Colônia do Sapo, Fazendo 7S, Pedreira Morada do Sol, Pedreira Ouro Fino. Ali naquela simplicidade, pobreza, humildade era um lar. Cada um tinha seu lar. Casas sem proteção, muitas conjuminadas, parede e meio. Todo mundo conhecia todo mundo. Todo mundo saia de manha para o trabalho, para o mesmo ônibus de rurais, para o mesmo canavial, para o mesmo pomar. Partilhavam seus suores, seus cafés, suas marmitas com a troca de misturas. Favores sem nada esperar em troca. Que saudades de nossas galinhas invadindo os quintais dos vizinhos, que saudade dos vizinhos partilhando o milho-verde, o curau, a pamonha, o bolo de fubá. É minha gente, no sítio era assim. Que saudades do emprestado do vizinho, mamãe pedia para irmos à vizinha e a gente dizia assim: “dona Maria. Minha mãe pediu pra ver se a senhora empresta um pacote de arroz e no pagamento ela devolve...”, mas do que depressa lá estava o pacote de arroz. Tantas outras coisas também emprestávamos; a banha, o feijão, o açúcar, o óleo. No sítio sempre o nosso vizinho era o socorro mais próximo. Quantas vezes precisamos uns dos outros. No sítio existiam poucas inimizades, estávamos todos no mesmo barco. As prosas de nossos pais no fim da tarde sentados embaixo de uma paineira recordando o dia de labuta e de luta. Vizinhos de troca de olhares, fumaça de um cigarro de palha, de uma cachaça partilhada. Vizinhos que aos poucos iam se entrelaçando tornado compadres, família. Vizinhas que se acompanhavam na ida a cidade. Vizinhas comadres, das dores dos partos. Vizinhas que se acordam com a missão de acender o velho fogão à lenha. Vizinhas que se dialogam na lavagem da roupa, naquele tanque de puro cimento.O ontem se foi. Os vizinhos bons ainda restam alguns. Ainda existem aqueles que são vizinhos-família. No entanto há muitos vizinhos que se escondem em suas casas, chamadas de lares ajudando num mundo individualista e frio.Esta manhã voltei triste, não pelo passado, mas porque nos três anos que moro aqui ainda não conheço meus vizinhos. Se continuarmos assim teremos poucas oportunidades de testemunhar nossos vizinhos, pois a sociedade moderna tem seqüestrado nosso presente para que tenhamos muito pouco o que falar do nosso passado, mesmo que seja de nossos tão próximos vizinhos.As ruas e casas de hoje, jamais serão aconchegantes como as nossas velhas e extintas colônias.
 
 

9 de março de 2011

CINZAS DE UMA QUARESMA

As cores sempre são sugestivas, tocam nossa imaginação e atiça nossos gostos e criatividades. A liturgia se apropria das cores e na sua é dinamicidade possibilita mutações no decorrer do ano. O motivo da celebração se esconde por de detrás das cores que por sua vez e no seu tempo revela o essencial de cada ato litúrgico. Durante um tempo se celebra com a cor roxa o tempo favorável, a Quaresma, 40 dias iniciado numa Quarta que é de Cinzas. No calendário civil e uma quarta comum e o seria para nós também se ela não fosse de cinzas, e, se com as cinzas e a cor roxa usada na liturgia não nos emergisse no mistério que o tempo de parada, reflexão, oração, jejum, revisão de vida é o maior fundamento destas cinzas e do roxo que será usado durante todos os quarenta dias da quaresma.
As cinzas postas em nossa fronte com o apelo um de conversão nos lembra do muito pouco que somos, de nossa inegável fragilidade humana, é dialética de um tempo no tempo do nascer, viver e morrer, inatos em nós humanos. Mas não podemos esquecer que a quaresma se celebra em função de outra particularidade, UM tempo, dentro do tempo que florirá, ou encaminhará nossos passos, vidas, corações e recomeço num outro tempo, a páscoa (passagem da morte para vida).
Portanto, as cinzas e o roxo têm fim marcado, com a proposta litúrgica da ressurreição na Páscoa eles se justificam no seu significado de atos e cores. Enquanto pó de cinzas e a limpeza interior que o roxo propõe no cérebro pra vida. Não nos esqueçamos que as cinzas do hoje foram os verdes, bonitos e esperançosos ramos de um ano atrás, e nos lembremos também que os ramos verdes daqui a 40 dias serão as cinzas de um futuro incerto. Por isto as cinzas da quaresma têm a função pedagógica que lembre nos recordar que é possível o recomeço, mas que seja um recomeço de vitórias e a prevaleça a vida, que será gerada na quaresma e florirá n páscoa. Quaresma é muito mais do que um tempo no tempo é uma maneira de viver e se deixar transforma pelo convite da liturgia.

8 de março de 2011

NOVO DESIGN DO BLOG

Com o novo design ficou muito mais fácil, rápido e prático acessar as páginas do blog.
Agora você pode acessar as fotos e vídeos diretamento na barra acima das postagens.
A nova barra da esquerda permite um visualização mais limpa dos recados, da agenda e do arquivo do blog 
 e agora há também a possibilidade de buscar conteúdos do blog pela barra Procurar.
 Utilize agora mesmo as novas ferramentas do blog e volte todo dia para ler as mensagens do padre Renato.

Gabriel Vicentini Sidorenko
Responsável pelo Layout do Blog

6 de março de 2011

4 de março de 2011

O TEMPO E A DISTÂNCIA


Longe, distante. Atrasado, Apressado. Palavras corriqueiras em nossa vida. A distância de família, amigos, amores do mundo que vivia. A distância que traz saudades, mas que tanto nos ensina a valor das pessoas. A distância que provoca em nós o desejo de conhecer e o gostar do novo. A distância que nos desafia. A distância que pode ser perigosa. A distância que nos move em busca de novas possibilidades e caminhos.
 Assim é à distância na vida, esse é o seu papel e sempre será. Uma analogia entre o começo e o fim, presença e ausência, tristeza e alegria, lágrimas e sorrisos.
 A distância é movida pelo tempo. O senhor das coisas e determinante nesse mundo limitado! Servidor do Criador. Inventado por nós, para nos limitar, nos orientar e calcular nossos atos e ações. Para que a gente erre e aprenda acertar. Para que gente se decepcione e aprenda recomeçar. Para tantas coisas esse tal tempo. Tempo para distanciar-se e se a distância provoca saudades, o tempo é responsável para que não exista o esquecimento. O tempo ajuda-nos a perdoar, amar, fechar feridas, esquecer magoas mudar a rota da vida.
Acredito na distância e no tempo como grandes co-protagonistas na nossa limitada vida, presente supremo de Deus. Sem tempo como saber sobre a distância sem distância teria saudade? A saudade supera a mera questão de sentimentalismo, antes cativa valorização das pessoas importantes na vida. Que movimento magnífico este! Tempo, Distância e Saudades.
Talvez hoje na sua vida exista uma necessidade de você exercitar esse movimento. Quantas pessoas se encontram distantes de você, da sua vida. Algumas longe. Outras perto, em casa quem sabe, mas tão distante do seu coração, da importância que mereciam. Deixe o tempo medir essa distância e sinta saudades dela. Assim receba-a novamente na sua vida, como se ela estivesse realmente muito longe, mas agora voltou. E precisa ser amada.
Mas se você for esta pessoa que alguém tão perto te deixou tão distante da vida dela, não se desespere. A distância sempre deixa caminhos e rotas para que o tempo possa trilhar e chegar até você.
O Tempo e a Distância na minha vida me ensinam a cada manhã que jamais podemos nos separar, o quanto preciso ajudar a distância deixar trilhas para que o tempo levem os amigos a mim e eu a eles. A distância da tua ausência tem provoca saudades da tua presença.