Na minha vida faço esforço contrário de me ver como as pessoas me vêem. Entendo que seja muito fácil criticar, sem nada oferecer em troca. É muito fácil cobrar, sem mostrar o como fazer. Falo isso porque em vários momentos somos espelhos para as pessoas. Algumas projetam em mim desejos que nunca tive, algumas preferem encontrar problemas sem mesmo que estes existam. Talvez pelo simples fato de não aceitarem em mim o que eu aceitei. Algumas julgam sem mesmo terem certeza. Outras dão opinião sem mesmo que tenha pedido. Alguém que se policia em não trair seus ideais, mesmo que alguns estejam tão distantes. Mesmo que alguns se pareçam tão utópicos. Mas eles são meus e de muitos, eles são motivo e razão de ser o que sou. Nunca tive vergonha da minha vida. Mesmo quando ela foi sofrida, difícil, quando criança, nas perdas. Sei que existem pessoas que vivem disto; querem cuidar da vida dos outros. Sei que existem pessoas que fariam de tudo para não cumprir meus ideais. Sei que existem pessoas ao meu lado interesseiras. Sei que não posso abraçar a todos, pois muitos não querem devolver meu abraço. Sei que muitos querem exclusividade de alguém que há muito tempo deixou o convívio constante da família, dos amigos para ser livre, feliz, realizado.

É no movimento de abrir mão de algumas coisas, para ganhar outras, é no conflito de valores e de normas que sou feliz. Não partilho das formas que algumas pessoas fizeram da sua vida. Não deixemos que se percam nossos sonhos e nossos ideais por pessoas mesquinhas que não querem devolver a nossa gratuidade. Siga, caminhe, lute, transforme, se arrisque. Acima de tudo confie porque a gratuidade do receber e do devolver não pertence às lógicas da razão, mas ao gesto divino que está humanizado em cada um de nós.