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26 de janeiro de 2011

NASCER DE NOVO: UM TEMPO LITÚRGICO

Gosto muito de admirar o tempo que caminha em seus dias, horas, minutos, mas nunca se esgota. Nunca se vence nunca se cansa, nunca descansa, nos levando ao movimento da vida, externo e interno.

O tempo me fez lembrar um tal Nicodemos que fora convidado por Jesus a nascer de novo. Jesus me faz lembrar da dialética vida e morte. Vida e morte me introduzem novamente no tempo que acaba de se fazer passado segundos e minutos. Fico pensando neste importante convite do nascer de novo. De como muitas vezes me pareço com Nicodemos.
Como às vezes nos apegamos ao que se passou, ou seja, aos fatos que o tempo já sacramentou e nos estacionamos ali, em lágrimas e lamentações. A proposta do nascer de novo vence qualquer tentativa externa. Antes é prerrogativa interna, é conversão de postura, de discernimento, de valores e ideais. O nascer de novo é antes despedida do mundo mordico que se alimenta em tempos de ilusões e paixões, de promessas e sonhos, de eterno e passageiro, do eu e do você. O nascer de novo é germe que rompe-se na esperança, que desocupa do lugar de alguém que já se foi, que enxerga luz na escuridão do desespero.
O tempo está no seu curso e muitas vezes não conseguimos ver além da morte, não a morte corporal, mas a morte interior, de sentimentos, vontades, ideais, autoconfiança, determinação. De nada adianta querer nascer de novo apenas pelo aspecto exterior se o interior continua morto.
Nos últimos dias tenho feito a magnífica experiência do nascer de novo. E agora sei por que Nicodemos nada entendeu da proposta de Jesus. Porque Nicodemos estava convencionado no passado e na sua morte interior. É preciso lançar no tempo e permitir que ele leve as coisas e as pessoas mordicas que não nos permite nascer de novo. É preciso a partir de agora, não deixar que o passado não nos faça esquecer o presente. O nascer de novo é o tempo do presente, dos minutos, dos segundos que se abrem para nós nos fazendo entrar neste magnífico movimento da vida: nascer novo, sem rinchas, mágoas, ilusões e amores, porque eles só nos aprisionam no passado.
O nascer de novo é um tempo litúrgico, ou seja, deve ser celebrado todos os instantes, porque é o tempo da felicidade hoje e não da saudade passada.